Cigana. Romi. Calin. Mulheres brasileiras de etnia
romani (cigana). Quem são elas? Quais são suas especificidades, suas
necessidades, seus anseios? Que direitos são respeitados? Que direitos são
violados? Que imagem foi construída sobre essas mulheres e o quanto ela reforça
estereótipos, alimenta preconceitos, enseja atos de discriminação?
Foi a partir destas inquietações que nasceu a publicação
Mulheres
Romani (Ciganas): Rostos e Identidades. Nela, um grupo de mulheres,
ciganas e não ciganas, se debruçam sobre estes temas, lançando um olhar que
pretende desvelar esse mundo ainda tão marcado pela invisibilidade, pelo não
reconhecimento, pela violação de direitos.
As mulheres romani (ciganas) estão presentes no Brasil
desde o século XVI. A primeira referência feita a sua presença no país data de
1549, em uma carta enviada à Companhia de Jesus, pelo Padre Manuel da Nóbrega.
Nela, ele faz menção a mulheres que andavam vestidas em trajes de Ciganas, com
panos de algodão. É de 1562 o primeiro registro oficial da chegada de ciganos
no Brasil. O documento faz referência ao Sr. João Giciano, homem romani,
natural do “Reino da Grécia”, que desembarcou no Brasil com sua esposa e 14
filhos.
Hoje, mais de 450 anos depois, o rosto das mulheres
romani (ciganas) do Brasil segue sendo muito pouco conhecido. Pertencentes a
diferentes grupos étnicos e presentes em todas as regiões do país, essas
mulheres trazem consigo as marcas da invisibilidade e da perseguição sofrida
pelos povos romani (ciganos), da luta pela preservação de sua cultura e de suas
tradições e pelo reconhecimento de suas identidades e especificidades.
Unidas pela crença de que o conhecimento e a informação
qualificada são fundamentais para desconstruir preconceitos e superar o racismo
e a discriminação racial e étnica, Elisa Costa, Jamilly Rodrigues Cunha, Marcia
Vasconcelos e Olga Mariano se debruçam sobre os temas das identidades, das
imagens e representações presentes no imaginário ocidental sobre as mulheres
romani (ciganas) e seus impactos sobre a mídia, dos processos de construção da
cidadania e de acesso às políticas públicas. Com essas reflexões pretendemos
oferecer uma contribuição para que essas mulheres, cidadãs brasileiras de etnia
romani (cigana), sejam de fato reconhecidas como sujeitos de direitos, em sua
diversidade e especificidade, e em sua contribuição à história e à cultura
brasileira.
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