8 de janeiro de 2023

 


Associação Internacional Maylê Sara Kali – AMSK/Brasil, vem por meio desta, manifestar sua defesa intransigente pela Democracia e repudiar toda e qualquer forma de tentativa de Golpe ao estado democrático de direito no Brasil.

Todo aquele que possui sangue Rromá, sabe o custo, ou deveria saber, dos possíveis desdobramentos de atos de vandalismo, destruição e violência ocorridos no último domingo, dia 08 de janeiro de 2023 em Brasília/DF.

O fascismo e atos contínuos de terrorismo impetrados nos anos infelizes do Holocausto Romani – Porrajmos/Samudaripen relembrados em todos os dias 27 de janeiro e 02 de agosto de cada ano, precisam estar claros nas mentes daqueles que sabem, ou deveriam saber, sobre o custo da rromafobia e do anticiganismo no Brasil, nas américas e, por fim, no mundo.

Brasília é a capital do Brasil e sede, não só dos 3 Poderes, mas de parte da nossa história enquanto Povo Romani; perpetuada pelo Rom/Kalderash Juscelino Kubitschek, presidente do Brasil em seu mandato entre 31 de janeiro de 1956 a 31 de janeiro de 1961. "Juscelino Kubitschek conclui Brasília e a inauguração da nova capital do país se dá no dia 21 de Abril de 1960. O governo militar que assumiu o poder no conhecido Golpe de 1964 ordena a cassação dos direitos políticos de Juscelino por 10 anos."

Brasília desde a sua criação é uma obra de arte a céu aberto! Como também, parte da herança e da memória da Rromá no mundo.

No dia 08 de janeiro de 2023, para além de todos os vandalismos que assistimos perplexos, a execução grotesca de atos terroristas e fascistas, duas questões ainda nos atordoam, a primeira sobre a total falta de respeito aos poderes constituídos que estão representados pelos “Pioneiros” que construíram Brasília, pelos que aqui morreram e por aqueles que fizeram dessa cidade – muitos deles de etnia romani, patrimônio cultural da humanidade, seu lar e sua esperança de viver em um país livre e liberto, tal qual nossa bandeira rromani anuncia: O céu é meu teto, a terra minha pátria, liberdade minha religião. A segunda questão sobre a falta de história, cultura e memória é sem dúvida a última fronteira da ignorância e da barbárie.

Muito provavelmente, o povo romani seja essa memória esquecida de JK (Juscelino Kubitschek). A memória das inúmeras casas e templos religiosos, dos países que aqui se fazem representar, da mesa de jacarandá destruída (onde JK assinava), do relógio ofertado a D. João VI e obras de arte, como as “Mulatas” de Di Cavalcante destruídos, dentre outros.

O golpe fracassou, a ignorância e o fanatismo/fascismo estão definitivamente estampados e o Brasil não pode ser o berçário da ignorância.

Para que não percamos o rumo das coisas, afirmamos o nosso compromisso pela história, memória e pela cultura, para que jamais tenhamos um novo tempo de barbárie. Para que não sejamos irresponsáveis ao atribuir tais acontecimentos aos simples atos ideológicos ou simplistas, ou mesmo às disputas meramente políticas.

A violência e o discurso de ódio, fake news e o fanatismo sempre chegam primeiro.

A diferença se fez clara. Nosso posicionamento também o é. Com o fascismo não se dialoga, se combate e para se combater é preciso conhecer. Entraram na nossa casa, roubaram nossas memórias, destruíram nossa história e não podem sair ilesos.

#DemocraciaSempre

#FascismoNuncaMais

AMSK/Brasil, Brasília 10 de janeiro de 2023