DOSTA/BASTA - COMUNICADO PÚBLICO - #VidasRomanyImportam


 "Ciganos Matam"

"Ciganos executam dois policiais"

"Ciganos reagem e são socorridos"

"Ciganos morrem em confronto com a polícia"



Policiais recebem menção de "Elogio" pelo auto de resistência de três ciganos ... 

Vitória da Conquista 29 de julho de 2021.


Total de "Ciganos Mortos: 8"


Justiça ou vingança?


Do dia 13 de julho de 2021 até o dia 30 de julho de 2021 - Oito irmãos de uma mesma família foram mortos em confronto com a polícia. Dizemos 8, porque ninguém quer se responsabilizar por Moraes (13 anos), executado no dia 14/07/2021, em uma farmácia no centro da cidade de Vitória da Conquista/BA.

Nesta semana última, as falas são sobre pacificação. Falas das mais variadas autoridades.

  Pacificar sobre tantos corpos? Vivos ou mortos?

A coisa já virou, já foi ... já estão mortos ... Respondemos. Impacientes, tristes, confusos, acuados e com medo.

Poderíamos falar de mais uma morte, uma que ninguém fala, que não aparece. Da mulher, mãe, brasileira e calim. Mãe de 12 filhos. Oito deles estão mortos, no prazo de pouco mais de 15 dias ... é isso mesmo, 15 dias. 

Mais duas filhas - estão com a mãe sob proteção das autoridades e de familiares. As noras também e crianças.

2 adolescentes mortos

·         Morais da Silva Matos – 13 anos (Vitória da Conquista) – dia 14/07

·         Lindomar da Silva Matos, 16, foi morto também em Anagé – dia 30/07

O Pai e os outros filhos

O   PAI - Rodrigo Silva Matos (PRESO)

    Diogo da Silva Matos, 34, (há mandato, ele chegou a ser confundido com o irmão   morto, o Marlon) e Charles da Silva Matos, 18 (não há mandato - não fomos   informados).

Os mortos tem nome

datas das mortes e nomes:

·         Ramon da Silva Matos - bairro de Lagoa das Flores – dia 13/07

·        * Morais da Silva Matos – 13 anos (Vitória da Conquista) – dia 14/07

·       Arlan da Silva Matos e Dalvan da Silva Matos - Itiruçu – Povoado Lagoa Santa - dia 14/07

·      Sólon da Silva Matos, de 21 anos, Marlon da Silva Matos, de 34 anos, e Bruno da Silva Matos, de 30 anos são mortos durante confronto com a polícia no município de Anagé – 28/07

·         * Lindomar da Silva Matos, 16, foi morto também em Anagé – dia 30/07

    São pessoas com documento, registro e família. São brasileiros que pertencem a uma etnia: a etnia "Cigana". 

    "Ciganos" é muita gente;

    "Temos que nos atentar contra a fala de ódio - agora para todo e qualquer crime: "Ciganos". 

    "Essa mãe já está morta por dentro...não há como estar viva. Temos que nos atentar sobre isso. Os mais vulneráveis agora são as mulheres e as crianças."

    Não falamos de anjos, falamos de pessoas e cidadãos. Todos. Os 10 mortos de um confronto desproporcional e que muito provavelmente jamais saberemos a raiz do verdadeiro confronto.

AO QUE QUESTIONAMOS EM Ações conjuntas da AMSK/Brasil

IRU Agency/Brasil

Grupo Rromà/Brasil


     * O anticiganismo e a rromafobia são questões que permanecem desde tempos coloniais;

     * É preciso se atentar as questões historicamente conhecidas: uso político de questões históricas e de replique nacional, currais eleitorais e outros;

     * A quem interessa alimentar o discurso de ódio?

     * A palavra chave deve ser: VERDADE? MENTIRA? OU FATOS E REALIDADE?

     * Houve cumprimento das escutas qualificadas?

     * JUSTIÇA OU VINGANÇA? SILENCIO OU DENÚNCIA?

    Cuidemos, a internet nos coloca no mundo, mas abre o mundo para dentro das nossas casas. Diariamente pessoas morrem, se matam ou são violentamente mortas por informações irresponsáveis. Em 2019 discutíamos isso em um congresso em Lisboa/PT - Exclusão digital e suas consequências.

     Em dezembro de 2020, em Sergipe - dois policiais mortos, 5 ciganos mortos, vários presos, correria e silencio. As questões precisam ganhar importância real e não apenas midiática. É preciso cuidar das informações sérias...

     Estamos atentas e atentos em reuniões, protocolos e consultas. Já é hora de não mais silenciar, entretanto com seriedade, lucidez e verdade. 

    Por #JustiçaParaMorais, que hoje representa centenas de adolescentes, que vivem na linha de pobreza, da exclusão e pertencem a recortes étnicos e minorias, que moram a margem das cidades, nas periferias, que são considerados cidadãos de quinta categoria, num país que não cumpriu com a vacinação, que não estabelece mecanismos seguros de denúncia, que não escuta de forma justa e inclusiva...que não garante a educação e que cotidianamente diz: Isso dos ciganos? É cultural, eles se resolvem.

    Diante da imensa insegurança política que atravessa o país, pedir intervenção federal é no mínimo irresponsável. Quando aprenderemos que não é favor É DIREITO.

     Chega de supostas consultas;

     A realidade se impõe sobre corpos ... silenciados cotidianamente, historicamente.

     A quem serve a manutenção da pobreza, da ignorância e da falta de educação e a manutenção da violência? A quem serve a tutela?

     O auto de resistência. 

Partes da Matéria por Por Sérgio Verani

(a matéria é de 19/02/2020 da coluna Cláusula Pétrea)

A construção para a legitimação (anti) jurídica dessa política racista de extermínio surge há 50 anos, em 02.10.1969, com a Ordem de Serviço N, nº 803, da Superintendência da Polícia Judiciária do antigo Estado da Guanabara – depois ampliada pela Portaria E, nº 30, de 06.12.74, do Secretário de Segurança Pública  – que “dispensa a lavratura do auto de prisão em flagrante ou a instauração de inquérito policial”. E determina a aplicação do art.292, do Código de Processo Penal, que prevê a lavratura do “auto de resistência” na hipótese específica de resistência à ordem legal de prisão. 

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A partir daí, o policial sequer é indiciado, passa a ser designado como “vítima”, e a pessoa morta torna-se “opositor”, “imputado, com óbito“. É a inversão radical da realidade.

Como é possível que essa prática genocida, essa farsa jurídica, produzida durante o período de maior terror da ditadura, tenha sobrevivido à democratização?   Não só sobreviveu, mas, nos últimos 50 anos, consolidou-se e generalizou-se pelo Brasil afora, com a conivência do Ministério Público e do Poder Judiciário. 

Esse é o Estado de Exceção permanente, que ignora a universalização dos direitos fundamentais.

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A luta pela responsabilização dos torturadores é uma luta política. Não pode existir um tempo de não memória, de não História.

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Constrói-se um Estado Policial/Punitivista/Exterminador.  Criam-se “mundos de morte”, “formas contemporâneas que subjugam a vida ao poder da morte – necropolítica” (Achille Mbembe). 

https://www.justificando.com/2020/02/19/cinquenta-anos-do-auto-de-resistencia/ 

A chancela para matar

O Auto de Resistência absolutamente não foi extinto! Há o Projeto de Lei n.º 4471/12, apresentado pelos deputados Paulo Teixeira (PT-SP), Fábio Trad (PMDB-MS), Delegado Protógenes (PCdoB-SP) e Miro Teixeira (PDT-RJ), em tramitação desde 2012 na Câmara dos Deputados, que visa dentre outras medidas, substituir os “autos de resistência” ou “resistência seguida de morte” por “Lesão corporal decorrente de intervenção policial” e “Morte decorrente de intervenção policial”.

Correio Nagô: a luta segue...

https://correionago.com.br/por-que-precisamos-do-pl-4471-pelo-fim-dos-autos-de-resistencia/

O Projeto de Lei (PL) 4471/2012 altera o Código de Processo Penal e prevê a investigação das mortes e lesões corporais cometidas por policiais durante o trabalho. Atualmente estes casos são registrados pela polícia como autos de resistência ou resistência seguida de morte e não são investigados.

Conforme explica a diretora da ONG Justiça Global, Sandra Carvalho, a imensa maioria dos casos registrados como “auto de resistência” ou “resistência seguida de morte” são casos nos quais as vítimas foram executadas sumariamente.

https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=556267 - acompanhar o andamento do PL 4471/2012.

O silêncio

   Quanto menos barulho melhor...

   Mas o silencio as vezes grita, ele incomoda, ele rompe o tempo e diz que não vamos esquecer os meninos e adolescentes ...

        O silencio do choro no canto, do medo, da ideia de que não há saída, se não for o silenciamento.

           O silencio de quem comanda, o silencio dos comandados, o silencio dos mortos, o silencio dos vivos, o silencio da imprensa celetista, o silencio dos jornais policialescos, o silencio do cidadão de bem que não se meter porque a final de contas não é problema seu...o silencio da justiça dos mais fortes, o silencio ... apenas o silencio.

       Há quem diga que bandido bom é bandido morto. Que quem se mete com "ciganos" recebe o que merece ... há quem diga que há justiça. Mas ... o silencio. Na dificuldade das respostas, no apagamento das questões, nos acordos silenciosos. Penso que no fundo estão todos mortos. Quem mata, quem morre, quem se propaga, quem se cala, quem se esconde.

                        O silencio...quantos séculos de ignorância, de mentiras, de silencio sobre tantos e contínuos corpos com o mesmo roteiro? De silencio já deu ...