Hoje, dia 13 de julho de 2021, se completa 31 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente.
Em 1990 não tínhamos as dúvidas que temos hoje...tínhamos outros questionamentos, como por exemplo: "Será que demos conta de abarcar todas essas crianças"?
O peito explodia de felicidade. Demos conta de fazer dessas crianças e adolescentes PESSOAS...estranho né? É porque elas não eram reconhecidas assim. Não eram vistas como pessoas de direito. Nem por um momento.
Quantas crianças nasceram nesse ano...
Quantas cresceram e sonharam esse sonho conosco...
Quantas cresceram e se omitiram...
Quantas não tiveram a chance, nenhuma chance?
Em 2021 temos outros questionamentos. Outras perguntas? Muitas, inúmeras. Respondemos automaticamente. Queremos falar das infâncias. Das roubadas, das consolidadas, das que resistiram, daquelas que ainda não permeiam a consciência dos governantes do nosso pais, dos que "supostamente" dedicam suas vidas a essas "crianças e adolescentes", a nossa incapacidade latente de fazer alguma coisa para evitar as chacinas, os desaparecimentos, o uso e o abuso de uma Lei tão cheia de esperança.
Por isso nos dedicamos as infâncias que passam despercebidas... e são muitas.
São aquelas que não são convenientes, não produzem recurso, não sustentam egos, mestrados e doutorados, cargos, profissões, lucros.
Os ataques constantes contra o Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA são na verdade uma grande e poderosa máquina de lucro, de insensatez, de arrogância e porque não dizer: DESUMANIDADE.
Não podemos enxergar esse tema, sem falar do FEMINICÍDIO, da EXPLORAÇÃO SEXUAL, do TRABALHO INFANTIL e do TRABALHO ESCRAVO, sem falar da FOME, do CÁRCERE PRIVADO ... Do LUCRO sobre seus corpos, do ADULTOCENTRISMO.
Um sonho?
Um Ministério das Infâncias - Onde elas, as infâncias, possuam um lugar de fala e sejam de fato ouvidas, onde seus ALGOZES, e não ELAS, tenham aumento de pena de reclusão;
Onde possam ter o direito a saúde, ao sonho, ao abraço, a COMIDA.
Onde seja sagrado o direito a EDUCAÇÃO, o direito a ETNIA, o direito a CRENÇA RELIGIOSA.
Pensem conosco:
Imagine se todos os USURPADORES DAS INFANCIAS, TODOS, de fato sofressem o peso da LEI?
Onde os GOVERNANTES SUPREMOS fossem judicialmente responsabilizados pela FALTA DE COMIDA e pela FALTA DE VACINA?
Onde cada um que VIOLASSE os CORPOS dessas infâncias recebessem de fato a correta punição, independente dos seus CARGOS, seu PODERIO ECONÔMICO, sua INFLUÊNCIA.
Chega de depósitos de PEQUENOS corpos, de BALAS "PERDIDAS" e que seguem sendo "ACHADAS" nos corpos NEGROS e POBRES.
Chega da FOME e da MISÉRIA, insumos de tantas FOTOGRAFIAS, que enchem apenas os bolsos de tantas IGREJAS, inúmeros GOVERNOS, dezenas de EMPRESAS...E a fome não acaba. Nunca acaba.
Chega de vidas serem contadas através da ótica de quem não as viveu e não as vive...
Chega de MATAR os herdeiros dessa terra, chega da ESCRAVIDÃO disfarçada, chega ...
Hoje é dia de reprogramar, fazer aquela reunião anual para pensar de fato, ONDE FOI QUE ERRAMOS,
QUAL O TAMANHO DA NOSSA OMISSÃO,
QUAL A PARTE QUE NOS CABE...
Amanhã é dia de começar a trabalhar novamente, os 364 dias restantes, para que no ano que vem, tenhamos mais orgulho e menos vergonha daquilo que PRECISAMOS FAZER.
O ECA não é um pedaço de papel, um caderno obsoleto que pode ser jogado na latrina, como alguns INSISTEM EM DIZER...e isso começa no voto. Um de cada vez, um voto por vez.
O ECA é o mecanismo legal que deve proteger essas infâncias - todas elas, independente de RAÇA/ETNIA/GÊNERO - contra os "ADULTOS" que cotidianamente perpassam e destroem seus corpos, seus dias, seus sonhos, suas infâncias.
Hoje, nós desabafamos,
Hoje nós precisamos dizer que essas infâncias existem,
apesar de tudo e de todos.
ESSA RESPONSABILIDADE É NOSSA.
DE MAIS NINGUÉM.
Por isso hoje, nós te convidamos a pensar: QUANTAS INFÂNCIAS A SUA OMISSÃO JÁ MATOU? OU QUANTAS INFÂNCIAS A SUA CEGUEIRA JÁ CONDENOU?
Logo mais começa os 364 dias, em que esperamos verdadeiramente, que possamos fazer menos posters e efetivar mais direitos.
VIVA O ECA - ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
#OpréRomalêChavale
(Resolução 181/2016 do Conanda)
Porque todas as Infâncias existem.