A
comemoração nunca é um fim em si mesma.
Para ser significativa, a comemoração
precisa lembrar o passado para moldar nosso futuro comum. Se o Holocausto nos
ensina alguma coisa, certamente nos diz em voz alta que "quando os direitos
humanos de um grupo são violados, nenhum grupo pode se sentir seguro."
Rainer Schulze
Cabelos e roupas
(Fotos da visita da AMSK/2017)
Porajmos ou Porrajmos: A Grande devoração (Ian Hancock)
Samudaripen: Assassinato em massa (Marcel Courthiade)
Berša Bibahtale: 'Os anos
infelizes'
Kali Traš:'Black Fear’ - Medo Negro
Termos esses que não foram incorporados no cotidiano das populações mundiais. O que precisamos entender é que foram termos cunhados por sujeitos de direito e portanto cabe a cada qual defender e usar segundo o entendimento da própria dor. O Brasil começa a expor a dor dos descendentes dessa tragedia e tem lutado cotidianamente contra "o aculturamento", "o esquecimento da história" e o resultado devastador que essas duas impõe. As famílias que conseguiram sair da Europa durante esses tristes anos, não encontrou apenas alegrias no novo continente. De uma forma ou de outra, antes e depois do que chamamos de "Holokausto Romani" ou "Porrajmos", o esquecimento público foi uma das formas mais adotadas para manter a segurança de uma nova vida.
Desde 1997, tem sido marcado internacionalmente como o Dia da Recordação do Extermínio Romani, e em 2015 o Parlamento Europeu designou este dia como o Dia Memorial do Holocausto dos Rom e Sinte Europeus, refletindo a importância desta noite para os rom e sinte e para a memória cultural europeia...
Ao
longo de seus 17 meses de existência, cerca de 22.650 prisioneiros ciganos
foram deportados para o Zigeunerfamilienlager (esse número inclui as 360
crianças nascidas no campo). Cerca de 85 por cento deles pereceram. Cerca de
13.150 morreram por negligência voluntária (fome, doença, maus-tratos e
exaustão), e cerca de 5.700 foram assassinados nas câmaras de gás, mais da
metade deles durante a noite de 2 de agosto.
Rainer Schulze
Fornos crematórios
E não nos sentimos seguros ... boa parte de nós ... em nenhuma parte do mundo. É que nada mudou, apenas tomou ares de atualidade ...
Quando os direitos fundamentais de uma pessoa, um grupo, uma etnia, seja ela qual for é atingido de morte, não podemos nos calar. Nem aqui e nem em nenhum lugar do mundo. Em memória dos que morreram no dia 02 de agosto de 1944 e a todos e todas que cotidianamente são atingidos de morte pelas várias faces da rromafobia ou do anticiganismo, nós iremos resistir.
Quando situações explicitas de rromafobia, desrespeito, racismo institucional e ou coletivo/social ocorrerem, precisamos de forma clara, objetiva e firme, nos posicionarmos contrariamente. Todos os mecanismos e ações devem servir de base para aprimorarmos a ação conjunta entre pessoas e países, em especial, com o posicionamento conjunto da academia, sendo que, em todos os três países, a marca inequívoca da perseguição e do preconceito étnico, atinge de forma secular, sistemática e criminosa a identidade da Rromá, em especial das futuras gerações.
O holocausto não acabou. Ele continua em curso em toda a parte do mundo, seja nos USA, na Europa, na América Latina... O povo romani no Brasil, são tratados como indigentes, indesejáveis e muitas vezes como "escravos" ou bode expiatório, em todas as sociedades onde estão inseridos, porque ainda são consideradas pessoas que devem ser expulsas, retiradas, usadas como palanque político ou simplesmente eliminadas”.
AMSK/Brasil