NOTA DAS ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL DO CONSELHO NACIONAL DOS DIREITOS DA MULHER – CNDM PARA O PERÍODO DO CORONAVÍRUS.
Prezadas mulheres
brasileiras,
Com cordiais
cumprimentos, as organizações da sociedade civil do Conselho Nacional dos
Direitos da Mulher – CNDM vêm, publicamente, manifestar sua sororidade e
sua solidariedade a todo o povo brasileiro, o qual tem sido afetado pela
pandemia do COVID-19, mais conhecido como coronavírus.
Nesse momento,
reforçamos as orientações das autoridades em saúde mundiais e nacionais, como a
OMS – Organização Mundial da Saúde, o Ministério da Saúde do Brasil e as
organizações de Medicina, de Enfermagem e de defesa do Sistema Único de Saúde –
SUS. No entanto, gostaríamos de acrescentar algumas reflexões:
1. FICAR EM CASA. Recomendamos o uso do
termo “distanciamento social” em vez dos termos “isolamento” ou
“quarentena”. Não é o momento de ficarmos isoladas, que é um termo bem mais
restringente, assim como “quarentena”. Devemos evitar o contato físico, por
isso “distanciamento” é mais adequado, mas podemos intensificar os contatos com
pessoas que amamos pelas redes sociais, fazer ligações por telefones fixos ou celulares,
fazer chamadas de vídeos, ou ainda experimentar afixar mensagens de esperança
das nossas janelas de casas ou apartamentos. Toda manifestação de esperança
será muito bem vinda nos próximos dias.
2. LIBERAR
TRABALHADORAS E TRABALHADORES, SEM PREJUÍZOS NOS SEUS DIREITOS. Recomendamos às
empresas e às pessoas com melhores condições sociais, que estão mantendo suas
empregadas domésticas e outras classes de trabalhadoras e de trabalhadores com
a mesma carga horária, que liberem imediatamente essas pessoas, sem
diminuir-lhes os salários ou outros direitos trabalhistas. Quando fazemos
essas pessoas circularem, estamos assumindo o aumento do risco de contágio da população.
Elas podem adquirir o vírus e espalhá-lo para diferentes áreas nos seus trajetos
diários. Apenas algumas áreas são importantes manterem funcionando, porém, com
cuidados para suas trabalhadoras e seus trabalhadores, como setores de alimentação,
setores de farmácia, setores de saúde e setores de segurança pública e privada.
3. REFORÇAR OS HÁBITOS
DE HIGIENE PESSOAL.
Muitas pessoas estão acreditando que o álcool em gel é o principal agente
protetor contra o coronavírus e isso infelizmente não é verdade. A proteção
contra o coronavírus envolve um conjunto de hábitos de higiene pessoal os quais
devemos reforçar:
3.1. Lavar bem as
mãos, com água e sabão/detergente, de 15 a 20 segundos, sempre que
entrarmos em contato com objetos do meio externo, nos quais não sabemos quem tocou
neles;
3.2. Ao voltar para
casa, não tocar de imediato em familiares, especialmente crianças e pessoas
idosas. O ideal é lavar as mãos imediatamente, conforme orientado acima. Em
seguida, ir ao banheiro, tomar banho com bastante sabonete. Colocar as roupas
que foram usadas fora de casa para lavar, com sabão, e colocar para secar, em exposição
ao sol, por pelo menos duas horas;
3.3. Melhorar os
hábitos alimentares: ingerir mais alimentos ricos em vitamina C – para aumentar
a imunidade contra agentes infecciosos, ingerir mais frutas, legumes, verduras,
alimentos ricos em fibras e ingerir bastante líquido – prefira água e sucos
naturais em vez de líquidos industrializados.
4. NÃO FAZER ESTOQUE DE
SUPERMERCADO.
As previsões apontam para que a crise possa durar de um a dois meses. Se
fizermos estoque de supermercado, os produtos mais necessários começarão a
faltar e isso poderá ocasionar o aumento dos respectivos preços dos produtos
nas prateleiras. A população mais pobre não terá como adquirir esses
produtos e isso as colocará em maior situação de vulnerabilidade. A nossa crise
é contra o vírus, não contra o nosso povo brasileiro.
5. EVITAR COMPARTILHAR
NOTÍCIAS FALSAS, ALARMANTES, IMAGENS FORTES E IMAGENS DE PESSOAS DOENTES OU
FALECIDAS.
Com o avanço da pandemia, estão compartilhando de maneira irresponsável
diversos conteúdos que só prejudicam o bem estar de quem está cumprindo com seu
distanciamento social. Vamos repassar algumas orientações:
5.1. Verifique a origem
das notícias antes de compartilhar, mesmo que você as tenha recebido de alguém
de sua confiança. Só compartilhe notícias de órgãos de imprensa bastante
conhecidos.
5.2. Se a notícia
for alarmante, deixe que os órgãos de imprensa comuniquem, pois esse é o
papel deles, não é o seu. Prefira cuidar do seu bem estar e da sua família;
5.3. Caso você receba
imagens de pessoas doentes ou falecidas, em virtude do coronavírus, reflita: se
fosse você ou alguém da sua família, você gostaria que essas imagens tristes
fossem espalhadas para o maior número de pessoas possível? Então respeite a
dor das pessoas doentes e a dor das famílias que estão perdendo pessoas
queridas por essa pandemia terrível.
6. PRATICAR BONS
HÁBITOS EM CASA, PELA SAÚDE DO SEU CORPO E DA SUA MENTE. Estamos com a
oportunidade bastante valiosa de cuidar do nosso corpo e da nossa mente por
vários dias. Portanto, aqui vão algumas sugestões:
6.1. Pratique
exercícios físicos simples, que possam ser realizados dentro de casa, como
alongamentos em pé, alongamentos com o corpo deitado sobre a cama, pular, exercícios
de respiração, flexões, abdominais, entre outros disponíveis na Internet;
6.2. Pratique
exercícios para a mente: leia bastante, escreva sobre algo que te interesse,
estimule o cérebro por meio de jogos de memória, cartas, palavras-cruzadas, cruzadinhas,
caça-palavras, entre outros. Cuidar da Saúde Mental é muito importante;
6.3. Pratique sua fé,
seja ela cristã, muçulmana, de matriz africana, indígena ou até ateia;
6.4. Não tome
remédios sem orientação médica. A automedicação em período de coronavírus
pode te levar ao hospital e aumentar as suas chances de contaminação.
7. FICAR ATENTA E
ENFRENTAR A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR. Enquanto para muitas famílias está
sendo proveitoso manterem-se juntas, juntos e juntxs, para outras, o agrupamento
familiar ocasiona conflitos que terminam em violência doméstica e familiar.
Vizinhas e vizinhos podem não ter percebido, antes do distanciamento social,
que na casa ou no apartamento ao lado acontecem casos de violência constantes.
Por isso, vamos ficar atentas e enfrentar, com a devida sabedoria, esses casos:
7.1. Dentro da sua
casa, observe se as mulheres – especialmente meninas e adolescentes – estão
sendo vítimas de carinhos forçados, intimidades inadequadas, abusos sexuais e denuncie
à polícia, pelo 190, ou pelos números do Disque Direitos Humanos, pelo 100, ou
da Central de Atendimento à Mulher, pelo 180;
7.2. Se no seu
município há uma Casa da Mulher Brasileira, verifique o seu horário de funcionamento,
em função da pandemia. Algumas delas estão funcionando apenas com a Delegacia
Especializada de Atendimento à Mulher;
7.3. Se no seu
município não há Casa da Mulher Brasileira, verifique o funcionamento da Delegacia
Especializada de Atendimento à Mulher mais próxima ou da delegacia comum
mais próxima;
7.4. Em casos de
violência doméstica e familiar contra a mulher, analise o momento mais adequado
para realizar a denúncia, para não se expor aos riscos da pandemia. Em qualquer
situação, chame a polícia, pois as autoridades policiais continuam a nos proteger
das violações de direitos, mesmo durante a pandemia.
8. SERMOS SOLIDÁRIAS. Neste momento ímpar, há
um sentimento maior que une todas as brasileiras e todos os brasileiros: a
solidariedade. Somos uma referência mundial de povo que se ajuda e que se une
para vencer as dificuldades. Não será diferente desta vez! Nós orientamos, às
mulheres brasileiras, que mostremos como, agindo unidas, somos plenamente
capazes de superar qualquer crise e vencer qualquer inimigo, ainda que
invisível, com ações muito simples, porém essenciais:
8.1. Compartilhando
esta nota, na qual disseminamos informações que podem salvar vidas e ajudar
o país a passar pela crise, com sabedoria e soberania;
8.2. Solicitando, com
inteligência e paciência, que as pessoas as quais conhecemos fiquem em casa,
aproveitando o tempo com familiares e pessoas mais próximas;
8.3. Planejando e
executando ações de impacto social, por meio da Internet e dos meios
criativos que dispomos, para conscientizar a população, mas também para
fornecer informações, entretenimento, esperança e paz;
8.4. Oferecendo
serviços para pessoas idosas e doentes crônicas, em distanciamento social,
com os devidos cuidados de higiene pessoal para não contaminá-las.
Sugerimos que a presente
nota seja compartilhada pelos conselhos estaduais de direitos das mulheres,
conselhos municipais de direitos das mulheres, organizações da sociedade civil
que apoiam as lutas das mulheres, bem como pelos órgãos governamentais
federais, estaduais e municipais que coordenam as políticas públicas para as
mulheres no Brasil.
Unidas, unidxs e
unidos, venceremos o coronavírus!
Brasília,
23 de março de 2020.