Há uma parcela da população
de mulheres brasileiras que a maioria dos agentes públicos ainda desconhecem o
seu modo de vida, a sua cultura e por consequência as suas necessidades: Rromnia,
as assim chamadas ciganas.
Os dias e os anos passam,
mas o preconceito, muitas vezes acompanhado fortemente pelo racismo e a
discriminação, ainda é a grande barreira que impede avançar a discussão sobre o
tema dos direitos humanos das Rromnia (mulheres ciganas).
A Associação Internacional
Maylê Sara Kalí (AMSK) tem conseguido romper os obstáculos pautando o governo
brasileiro com dados e informações sobre a realidade de vida dessas mulheres. Como
resultado das ações, na área da saúde, o Departamento de Apoio à Gestão
Participativa (DAGEP) da Secretaria de Gestão Estratégia e Participativa do
Ministério da Saúde (SGEP/MS), em parceria com a AMSK lançou, em novembro de
2016, a cartilha Subsídios para o Cuidado à Saúde do Povo Cigano que menciona no capítulo 4 os
cuidados a saúde da mulher cigana. O documento foi elaborado pela necessidade
de gerar conhecimento para o conjunto dos trabalhadores de saúde – gestores de
políticas públicas, agentes comunitários de saúde, médicos, enfermeiros e
demais profissionais que atuam no atendimento nos serviços de saúde.
Na área de assistência
social, observa-se que os serviços públicos nos estados e municípios buscam
aprimorar seu atendimento as famílias romani (ciganas) de baixa renda, em
situação de vulnerabilidade. Atualmente, no Cadastro Único para Programas
Sociais, do Ministério de Desenvolvimento Social e Agrário (MDSA), registra o
total de 15.057 pessoas de etnia romani, sendo 31,33% mulheres na faixa etária
de 18 a maior de 65 anos. E precisamos avançar nas discussões com os gestores
públicos da assistência social, a fim de incluírem as Rromnia nos programas,
projetos e atividades com vistas ao fortalecimento das capacidades dessas
mulheres para o exercício da cidadania, a geração de renda, e a defesa dos seus
direitos fundamentais.
Na área da educação o
Programa Brasil Alfabetizado (PBA) promovido pelo Ministério da Educação,
aplicados nas 27 Unidades da Federação, com destaque o estado da Bahia na
realização do Programa Todos pela Alfabetização (TOPA) que avançou com o
processo de inclusão das Rromnia, em face de os vários diálogos dos gestores
públicos, da área de educação, com os líderes dos núcleos familiares romani para
a sensibilização dos maridos que impediam suas esposas ingressarem no ambiente
escolar para a alfabetização. Em suma, mulheres e homens romani sendo
alfabetizados e rompendo o ciclo da ignorância. Ações que somam para a mudança
de vida de suas futuras gerações, mas sem perder as suas tradições e costumes
culturais.
Importante destacar as ações
de algumas Rromnia, apesar da pouca ou nenhuma escolaridade, uma minoria
pensante que vislumbram uma melhoria no modo de vida de suas filhas e filhos,
netas e netos, que começaram também a romper com o ciclo da ignorância, e no seu
cotidiano buscam informações junto aos servidores públicos sobre o atendimento à
saúde, educação, e assistência social. Essas mulheres têm estimulado suas
crianças e adolescentes a mudar o processo de viverem sempre a margem da
sociedade brasileira. Para esta mudança, já se observa jovens romani ingressos no
ensino superior e outras/os com formação no nível superior, e graças a essas
mulheres que lutam para diminuir o preconceito sobre o seu modo de vida.
“Parabéns para aquelas que
sonham,
aquelas que realizam, e
aquelas que tornam os sonhos das outras uma realidade”.
AMSK/Brasil