JOSÉ,
TEREZA, ZÉLIA... E SUA COMUNIDADE UM TERRITÓRIO CIGANO
Ademir
Divino Vaz 1 - ad.vaz@bol.com.br
RESUMO:
O problema que sempre existiu ao
estudar os ciganos foi o risco do exotismo e da comparação depreciativa. Se,
por um lado, as pessoas se encantam e surpreendem-se com o "estranho"
modo de vida dos ciganos, por outro, não relutam em considerá-los inferiores, atrasados.
Dessa forma, costuma-se definir os ciganos como sendo o povo que não tem residência
fixa, que não tem uma pátria, que não tem emprego...
Contudo, não se pode explicar os
ciganos pelo que lhes falta, tendo como ponto de referência a nossa sociedade,
pois assim, deixa-se de ter uma melhor compreensão da sua realidade. Pensando
na essência da realidade cigana, este artigo traz inicialmente uma breve caracterização
histórica dos ciganos, apresentando a trajetória de poucos direitos e na
seqüência apresenta as relações sociais entre ciganos e não-ciganos na cidade
de Ipameri, sudeste de Goiás.
Assim,
reconhecer e discutir a diversidade cigana também pode ser um importante passo
para que eles se percebam em um mundo complexo em que é necessário questionar o
valor da hegemonia de um padrão cultural único. A idéia de um povo cigano único
oculta que os mesmos, apesar de compartilharem certas características étnicas
são portadores de culturas diversas e podem ou não experimentar relações
conflituosas com os não ciganos. Desse modo, acredita-se que os ciganos devem
ser apresentados não apenas enquanto importantes agentes sociais, como também
enquanto aqueles que foram capazes de resistir/aceitar/sobreviver, no interior
do campo de relações a que estiveram expostos, tendo cada cigano sua
peculiaridade, sua particularidade.
Publicado
originalmente em: Revista Trilhos – Revista da Faculdade do Sudeste Goiano.
Pires do Rio. V-3, nº 3 (2005), p. 95-109. Leia...
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