Samudaripên - Barô Mudaripên

 


02 de agosto de 2025

 

Conta a quase lenda, que ninguém morreu naqueles dias;

Que o sangue não escorreu e nem as fazendas existiram...nem porcos e nem repolhos.

Depois subtraíram os números e os nomes...

Alguns usam os nomes, desesperadamente por um reconhecimento que beira a loucura...

Depois a guerra de gênero ... de protagonismo ...

Do outro lado do mundo, os jovens se encontram para não esquecer e aprender sobre a história;

Do lado de cá, alguns tentam se fantasiar e assumir os mortos a troco de uns tostões ... sem jamais terem noção do que seja.

É a velha história dos que querem ressignificar o que sequer aprenderam que o Barô Mudaripên aconteceu.

Segue o fio...

Conta a quase lenda que é possível que existam mais do dobro de mortos. Nós acreditamos nas lendas.

 Pensando no 2 de agosto de 81 anos atrás, sempre descobrimos algo novo, como se o desrespeito fosse renovado e reutilizado mais uma vez... o tal poderzinho.

É preciso pensar a antropologia de forma humanizada e os mecanismos de proteção de forma universal. Já pensaram que todo mundo gosta de um celular, de uma conta nas redes para lacrar e sempre o fazem ou com a figura de uma mulher ou com o uso da sedução e da magia?

Hipersexualização e exotização femininas ...

E aí os incautos acreditam nas saias de metros, saltos altos, joiás e estilos variados, que modificam a base dos fatos. E é preciso relembrar que o passado voltou. Que ainda não conseguimos sequer contar o que aconteceu e o que se deu. Que o passado assombra cotidianamente os dias atuais e futuros.

Por isso no mês de agosto vamos lançar cinco publicações/trabalhos que nos enchem de orgulho, pela dedicação e esforço de todas (os) as participantes:

o  * O “Inspira” – Livro: onde pessoas escrevem o que as inspirou a seguirem no caminho, na escola e na vida;

o   *O “Le Papucha Kalinka” – que terá 2 rodas de conversa on line, para contar a experiencia in lócuo das resistências, museus e campos de extermínio dos Roma e Sinti;

o   *O Relatório Brasil sobre os 80 anos do Holocausto Roma e Sinti;

o   *Um olhar sobre a primeira Infância romani/cigana;

o   *Relatório: “Trilhas da Saúde”.

Assim cumprimos nosso compromisso institucional de espalhar conhecimento e ir construindo essa imensa colcha de retalhos chamada humanidade.

Se alguns querem lutar pelo estado mínimo das coisas, tudo bem, mas nós queremos as universidades e as cotas, queremos ser respeitadas(os) onde quer que moremos e seja qual for o trabalho que viermos a escolher. Queremos sim as raízes ... múltiplas e com isso o respeito a transnacionalidade.

São trabalhos reais e a busca incansável pelo direito da “Escuta prévia, livre, informada e de boa fé”, assim como a “Escuta culturalmente adequada” de nossas mulheres e crianças em especial.

No dia 02 de agosto de 2025 vamos ascender o candeeiro, fazer as cerimônias que se seguem a mais de 80 anos e conversar sobre a globalização, o racismo institucional – o anticiganismo e a romafobia e o analfabetismo funcional. E claro, vamos nos abraçar forte e redobrar nossa convicção dik na bister.

Nossas notas são desobedientes porque não aceitamos tutela do estado, nem da academia e jamais a exploração e o uso do termo Holocausto e nesse caso: “Holocausto Roma e Sinti”.

Quando abrimos as portas das nossas casas para a globalização, precisamos estar atentos que o mundo também entrará em nossas casas.

Por um mundo que respeite nossas infâncias #DromHumanitary

Por um mundo onde o Barô Mudaripên nunca mais aconteça #DikNaBister

Por um mundo onde nenhum genocídio seja visto em tempo real, nem na Palestina, nem na Amazônia, nem em nenhum país ou lugar, que nos matem pela etnia ou pela cor da pele ou por simples mediocridade humana.

Os nossos mortos, trazemos conosco.

Dik na bister/2025