16 anos - Somos feitas do tecido dos nossos sonhos.

 



Fundação: 05 de janeiro de 2009.

CARTA DE PRINCÍPIOS DA AMSK/Brasil

1) “Tem rom de barraca, tem de casa e tem aqueles que não têm nem o que comer. Não importa. Cada um sabe o que passa. Escutem e ajudem”; Construir as agendas com os indivíduos, respeitando suas auto identificações, suas dificuldades e ampliando sua voz, independente do seu braço familiar e étnico.
2) “Nunca se esqueçam de onde vieram e para onde querem ir. Já houve destruição, intriga e conversa demais. Chega de um matar o outro, chega de fugir”. Não apoiar as redes de intriga, violências, separatismo e de maneira alguma construir agendas vexaminosas que possam ser usadas para a imposição de uma ou outra família. Também não promover a separação étnica ou religiosa.
3) “Aquele que esquece o passado, esquece o chão e o pior de tudo isso é a omissão. Não se calem, quem cala consente”. Não nos calar nas discussões que envolvem o fascismo, o Porrajmos ou Samudaripen e o nazismo, resgatando fatos e memórias no combate a romafobia e ao anticiganismo.
4) “São vocês que mandam. Tão vendo? Não tem nenhum homem aqui. Então somos nós, as mulheres, que vamos mandar, porque o lugar de uma Romí é aonde ela quiser estar”. Defender e valorizar as mulheres. Somente as mulheres ocupariam a presidência da associação. Mesmo sendo ela composta por mulheres e homens, romani e não romani, as mulheres romani estariam sempre no comando das principais atividades, projetos e cargos.
5) “Não tem nada pior nessa vida que a ingratidão. Vocês não podem cuspir no prato que comeram. Essa vergonha suja a alma”. Jamais ser ingratas e esquecer das trajetórias de vida que nos trouxeram até aqui. Somos um pedaço de cada um que passou em nossas vidas. Somos sobreviventes, somos descendentes, somos uma voz de resistência.
6) “Tem de ser Sara. Sofreu pobrezinha, contam que andou até rachar os pés, cuidou, alimentou e defendeu todos que paravam lá. Foi parteira também, uma mulher e tanto. Que me importa o que falam dela, o que precisam saber é que ela foi amiga e companheira de quem precisou. Foi a Rromí entre todas nós. Isso me basta”. Trabalhar em prol da dignidade da pessoa humana, da justiça e com compaixão, tendo o conhecimento como ferramenta da verdade e, como mulher, seguir o exemplo de vida de Sara.
7) E, por fim, lutar para “Que a miséria, a pobreza, o preconceito e a fome não sejam a herança do Povo Rom no Brasil e no mundo”.

A carta de princípios da AMSK/Brasil foi ditada por Dona Fia Vidal, Fundadora e Presidenta Honorária e confirmada meses antes da sua passagem, em maio de 2019. Nessa manhã ela acrescentou alguns apontamentos finais.

8) Não tolerem a violência de nenhuma forma. Nenhuma ameaça. O respeito é a mola chave de toda a engrenagem. 

9) Os tempos e as pessoas são uma coisa só. Ninguém muda sua essência. O que podemos fazer é aumentar a nossa condição de perceber erros e concertar, alimentar coisas boas e seguir em frente. Se não fizerem nada vão falar, se fizerem, vão falar também. Façam.

10) Que Sara as guarde na palma de sua mão, até o dia de nos encontrarmos novamente. (desde esse dia, encerramos as nossas reuniões e despedidas assim).


A rosa azul - jamais te esquecerei.